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A "œQuarentena" na história mundial

A quarentena é um recurso usado há muito tempo para evitar que doenças se espalhem. Geralmente implica manter um grupo de pessoas separado e isolado do público em geral.

09/04/2020 18:03

O termo em si faz referência ao primeiro exemplo conhecido do método de isolamento. Quando a peste negra se espalhou pela Europa durante o século 14, Veneza aplicou uma regra em que navios tinham que ancorar por 40 dias antes que a tripulação e passageiros pudessem desembarcar. O período de espera foi denominado "quarantino", que deriva da palavra em italiano para o número 40. Não está claro de onde surgiu exatamente o conceito dos 40 dias. Uma possibilidade é que tenha sido uma referência bíblica, a ideia de passar 40 dias e 40 noites no deserto como Jesus teria feito. Com o tempo, a duração da quarentena foi encolhida, mas o isolamento continua sendo chave para limitar surtos de doença ao redor do globo. No Reino Unido, um dos exemplos mais famosos é o da aldeia inglesa de Eyam, que se colocou de quarentena durante a peste bubônica. Entre setembro e dezembro de 1665, 42 moradores do vilarejo morreram. Em junho de 1666, o recém-nomeado pároco da aldeia, Willliam Mompesson, decidiu que a vila deveria ser colocada em quarentena. Com apoio de Earl de Devonshire, um nobre que morava nos arredores que havia oferecido enviar comida e suprimentos se eles concordassem com a medida de isolamento, Mompesson convenceu os moradores a acatar a quarentena. O pároco disse aos moradores que faria todo o possível para aliviar seu sofrimento e continuar com eles. Em agosto daquele ano, a vila testemunhou um recorde de seis mortes por dia — mas quase ninguém quebrou o isolamento. Com o tempo, o número de casos caiu e, em novembro, a doença havia desaparecido. O isolamento funcionara. Hoje em dia, as quarentenas são impostas, em geral, por governos ou instituições de saúde. Quando medidas de quarentena são introduzidas, elas não são apenas baseadas em cálculos médicos sobre se serão ou não eficientes para parar ou reduzir o avanço de uma doença infecciosa. A quarentena ainda serve para atender a expectativas de outros governos, e tranquilizar a população local vítima do surto. Em San Francisco, no estado da Califórnia, nos Estados Unidos, em 1900, imigrantes chineses foram colocados em quarentena depois que um homem chinês foi encontrado morto em um hotel. Foi confirmado mais tarde que ele havia morrido em razão da peste. Preocupados, policiais cercaram — com cordas e arame farpado — uma área de Chinatown. Os moradores não podiam entrar ou sair, e apenas a polícia e oficiais de saúde podiam ultrapassar aquela barreira. Durante a Primeira Guerra Mundial, cerca de 30 mil trabalhadoras do sexo foram colocadas em quarentena em meio a um temor sobre o aumento de doenças sexualmente transmissíveis. Elas puderam sair depois que foi confirmado que não tinham mais DSTs. Durante a epidemia de Sars em 2002 e 2003 começou uma nova era no controle de doenças. Naquela ocasião, pessoas que haviam sido expostas ao vírus eram colocadas em quarentena. O governo chinês ameaçou executar ou prender qualquer um que fosse encontrado violando as regras da quarentena e espalhando o contágio. A doença reforçou lições a respeito da importância de trabalhar em conjunto com outros países durante uma crise de saúde pública. Quando a síndrome se espalhou da China para Toronto, no Canadá, 44 pessoas morreram e centenas mais foram infectadas. Cerca de 7 mil pessoas no Canadá foram colocadas em isolamento para conter o avanço da Sars. Durante o surto em 2003, quando começou a se espalhar para outros países, quarentenas de vários tipos foram usadas extensivamente. Essas medidas de contenção foram ligadas ao sucesso de se ter conseguido evitar que a situação se tornasse uma pandemia. Atualmente, o mundo responde ao coronavírus usando esse tradicional método, que está sendo amplamente incentivado pela Organização Mundial da Saúde – O.M.S, que sustenta o uso de medidas extraordinárias para responder a um desafio extraordinário.

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